O que estou lendo:

terça-feira, março 27, 2007

sobre o email: inversão de valores

Pessoal,
Recebi um e-mail intitulo INVERSÃO DE VALORES, que estou transcrevendo no final do meu comentário.

Não quero me delongar muito na discurção, mas quando leio e-mails como esses que instigam nossos sentimentos de desafeto, ódio, rancor e violência, sinto uma angustia que não me deixa calar.

Não quero defender o crime, a atrocidade. Da mesma forma que não defendo a vingança instituída por um poder maior que é o estado. Se quiser vingança que vá você, o ofendido, em busca dela, mas não se utilize de um ente mais poderoso, que já lhe proporciona uma qualidade muito maior do que a outros desassistidos.

É bem verdade que determinados seres humanos são levados a uma condição de vida, se é que se pode chamar de vida, onde não possuem uma estrutura psicológica mínima. Desestrutura familiar, violência doméstica, abusos sexual, são todas essas condições extremamente comentadas nos nossos ciclos de conversar, mas que não nos tocamos do real valor.

Amigos, se um dia puderem, longe do conforto dos seus lares, que graças a Deus foi proporcionada por uma estrutura familiar, se aproximar de tais mazelas da sociedade, vendo crianças, tanto meninos como meninas, abusados pelos pais, tios, quase sempre parentes próximo, pessoas em que esses pequenos confiam plenamente, e por estes primeiramente traídos, verão que não confiaram em mais ninguém, e nem podem! Como confiar!?

A revolta de um garoto, que no auge de sua adolescência, querendo fazer parte dos grupinhos para assim conquistar suas primeiras namoradinhas, ver como referencia aquele marginal, traficante, que transmite um poder que seduz as, desculpe a expressão, “cocotas” da comunidade.

Nossos adolescentes nunca tiveram oportunidade de ter um referencial, um pai super-herói como muitos de vocês já são e senão, um dia haverão de ser.

O único local, longe dessa situação animalizada que são as nossas favelas, depósitos de indigentes, são as instituições de ressocialização, exemplo: FEBEM. E que grande instituição! Ai eu pergunto: como dar exemplo de dignidade humana?

Minha gente, quem nunca conheceu o amor não pode amar. Quem só conhece o ódio, a violência, a dor, só disso poderá viver. É o referencial.

Agora falaremos sem pudores. Ninguém está nem aí pra isso. As pessoas não querem arrumar as coisas. Quero defender o que é meu e os outros que se lixem. Queremos é vingança. Queremos que essa dor que sentimos hoje seja aliviada da maneira mais rápido possível como fazemos com nossas dores físicas. Mas só tomamos remédios para os sintomas! E a doença? A doença que se lixe eu quero é aliviar essa dor.

O cristianismo traz como princípio filosófico o amor. Aquela história de que só o amor constroi. E é admirável como, apesar de o Brasil ser um país de maioria cristã, sejam católicos, ou evangélicos, que tratam tem como base filosófica o amor, não vivermos esse que é o mandamento máximo dessa doutrina.

Não serão as retaliações, as punições mais pesadas, que impedirão que outras pessoas entrem no mundo do crime e principalmente: que outras pessoas morram. Pra mim não importa penas mais duras ou mais brandas. Eu sinceramente espero que não precise existir mais penas nenhuma, e muito menos crimes. O que eu quero meus amigos é que não se precise mais violentar ninguém para servir de exemplo. O que eu quero é o fim de toda essa violência.

Entre uma pena de morte para alguém que matasse um familiar meu e a não morte eu prefiro que meu familiar não morra.


"Do rio que tudo arrasta se diz que é violento
Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem"
(Bertolt Brecht)


E-Mail



INVERSÃO DE VALORES

> CARTA DE UMA MÃE PARA UMA MÃE EM SP, APÓS NOTICIÁRIO DA TV. De
> mãe para mãe...
>
>"Hoje vi seu enérgico protesto diante das câmeras de televisão contra a
>transferência do seu filho, menor infrator, das dependências da FEBEM em
>São Paulo para outra dependência da FEBEM no interior do Estado. Vi você se

>queixando da distância que agora a separa do seu filho, das
>dificuldades e das despesas que passou a ter para visitá-lo, bem como de outros
>inconvenientes decorrentes daquela transferência. Vi também toda a cobertura
que a mídia
>deu para o fato, assim como vi que não só você, mas igualmente outras mães
>na mesma situação, contam com o apoio de comissões, pastorais, órgãos e
>entidades de defesa de direitos humanos. Eu também sou mãe e, assim, bem
>posso compreender o seu protesto. Quero com ele fazer coro. Enorme é a
>distância que me separa do meu filho.
>Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e as despesas
>que tenho para visitá-lo. Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos domingos
>porque labuto, inclusive aos sábados, para auxiliar no sustento e educação
>do resto da família. Felizmente conto com o meu inseparável companheiro,
>que desempenha, para mim, importante papel de amigo e conselheiro
>espiritual. Se você ainda não sabe, sou a mãe daquele jovem que o seu filho
 matou estupidamente num assalto a uma videolocadora, onde ele, meu filho,
trabalhava durante o
>dia para pagar os estudos à noite. No próximo domingo, quando você estiver
>se abraçando, beijando e fazendo carícias no seu filho, eu estarei visitando o
 meu e depositando flores no seu humilde túmulo, num cemitério da
>periferia de São Paulo... Ah! Ia me esquecendo : e também ganhando pouco e
>sustentando a casa, pode ficar tranqüila, viu? Que eu estarei pagando de
>novo, o colchão que seu querido filho
>queimou lá na última rebelião da Febem."
>
>CIRCULE ESTE MANIFESTO. TALVEZ A GENTE CONSIGA ACABAR COM ESTA
>INVERSÃO DE

>VALORES QUE ASSOLA O BRASIL !
>
>DIREITOS HUMANOS PARA OS HUMANOS DIREITOS !
>



segunda-feira, março 19, 2007

Estudo aponta injustiças nas prisões por crime de furto

Brasília - Acusados de crime de furto chegam a ficar mais de um ano presos antes mesmo de serem julgados. Muitos acabam sendo inocentados no final do processo. Negros, pobres, pessoas de baixa escolaridade e aqueles que não têm condições financeiras de contratar um advogado particular são os que permanecem mais tempo sob a chamada prisão provisória, segundo pesquisa realizada pela promotora de Justiça do Distrito Federal Fabiana Costa. O estudo envolveu quase 3 mil processos de furto dos tribunais do Distrito Federal, Belém, Recife, São Paulo e Porto Alegre.

A legislação exige a prisão, pela polícia, em casos de flagrante de furto. No mesmo dia o juiz deve julgar se a prisão é realmente necessária. A prisão provisória deve ser decretada apenas nos casos em que o acusado oferece grave risco à ordem pública, risco de destruição de provas ou ainda risco a testemunhas. Segundo a promotora, o prazo máximo previsto na legislação brasileira para a duração da prisão provisória é de 100 dias – 81, nos casos de furto.

Entre os processos analisados, Fabiana Costa chegou a identificar um suspeito de furto preso por quatro anos e meio. “A gente tem dois problemas graves com relação à prisão provisória. Primeiro, a pessoa depois pode ser inocentada por aquele crime. Segundo, pode ser condenada a uma pena que não é a prisão. Nos casos de furto pesquisados, mais de 70% das pessoas foram condenadas a uma pena alternativa”, revelou, em entrevista à Radio Nacional.

O estudo mostra, ainda, que, em Recife, indivíduos classificados como pardos permanecem uma média de 71,7 dias a mais do que brancos na cadeia. Em Belém, a estimativa foi de cerca de 27,7 dias a mais. Em São Paulo, a média foi de 11,2 dias a mais e em Porto Alegre, 22,83 dias. No Distrito Federal, os processos não mencionavam a cor da pele dos acusados. Na maioria dos casos, são furtos de pequeno valor e cometidos contra estabelecimentos supermercados, lojas de roupas ou pessoas físicas. Em metade dos processos analisados, o objeto roubado custava menos de R$ 350.

A promotora detectou o caso de um homem que furtou o equivalente a R$ 4 de uma loja em Brasília, ficou 41 dias preso provisoriamente e acabou absolvido. Duas mulheres que tentaram levar peças de roupas de R$ 300 de uma loja em Belém ficaram presas por mais de dois anos e acabaram condenadas a cumprir pena alternativa.

Segundo Fabiana Costa, a responsabilidade pela manutenção da prisão além do tempo necessário é de todos que participam do processo: o promotor de justiça, o juiz e o defensor público ou advogado. “O advogado deve pedir a liberdade provisória. A participação do advogado nessas causas é fundamental. E do promotor de Justiça e do juiz também. Eles podem por própria iniciativa solicitar, no caso do promotor, ou decidir, no caso do juiz, que essa prisão deve ser relaxada”, destaca.

A promotora culpa a lei de flagrante pelo “excesso” de prisões provisórias no país. “Nossa lei de flagrante obriga que o delegado prenda a pessoa que pratica furto, inclusive de R$ 10, R$ 5, tem até furto de R$ 1. Depois, para essa pessoa ser solta é todo um processo, é todo um caminho”, explica. E o custo deste preso, segundo ela, em alguns estados chega a R$ 1,5 mil por mês.

A partir da pesquisa, a promotora pretende sugerir, ao Legislativo e Executivo, mudanças na lei de flagrante, como a possibilidade de liberação do suspeito diante do compromisso de que comparecerá a todos os atos do processo depois que for denunciado pelo Ministério Público.

“As nossas autoridades devem tomar uma providência em relação a isso. A prisão provisória é um instrumento caro no sentido econômico, mas no sentido social”, enfatiza. “Depois essa pessoa não vai conseguir emprego tão cedo, às vezes perde até a família, perde a companhia dos amigos, porque a partir de então ela é considerada um condenado, um criminoso. Depois, às vezes, essa pessoa até é absolvida, o que é pior ainda.”

fonte: http://www.jornaldamidia.com.br/noticias/2007/03/18/Brasil/Estudo_aponta__injusticas_nas_pri.shtml

quarta-feira, março 07, 2007

Palestra sobre Criminalidade

Ontem eu estava em uma palestra com o tema "Criminalidade: punição ou prevenção".
Estavam como palestrantes o padre Marcos, da pastoral carcerária, o prof. Humberto Castelo Branco e o pessoal do SAJU (Serviço de Acessoria Jurídica Popular).
Alguns dados foram apresentados e algumas frase de efeito foram colocadas no decorrer da palestas que me fizeram refletir bastante.
Frases:
"Do rio que tudo arrasta se diz que é violento
Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem"
(Bertolt Brecht)

"Cada sociedade tem os crimes que merece"
(Autor desconhecido)

sexta-feira, março 02, 2007

Podres Poderes

Essa música do Caetano Veloso foi lançada junho de 1984 e parece bem viva ainda.
A mensagem dessa música traz a tona nosso comodismo, nossas bratavas de instantes que só servem para aparecermos. E sempre, o mais importante, colocando a culpa nos outros.
Quando ouço na canção o questionamento "A incompetência da América Católica Que sempre precisará de ridículos tiranos?" sinto um aperto ao perceber o que corre no nosso pais hoje.
Estamos sempre a espera de um salvador da pátria, quem dirá de um Sasá Mutema, e não nos movemos nada.

Podres Poderes

(Caetano Veloso)

Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos
E perdem os verdes, somos uns boçais
Queria querer gritar setecentas mil vezes
Como são lindos, como são lindos os burgueses
E os japoneses, mas tudo é muito mais
Será que nunca faremos se não confirmar
A incompetência da América Católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?
Será será que será que será que será
Será que essa minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir por mais zil anos?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Índios e padres e bichas, negros e mulheres
E adolescentes fazem o carnaval
Queria querer cantar afinado com eles
Silenciar em respeito ao seu transe, num êxtase
Ser indecente mas tudo é muito mau
Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades, caatingas e nos gerais?
Será que apenas os hermetismos pascoais
Os tons os mil tons, seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão dessas trevas e nada mais?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome, de raiva e de sede
São tantas vezes gestos naturais
Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo mais fundo, Tins e Bens e tais